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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

A guerra entre os portugueses e os tapuias

RHBN 01/07/2009 Quem tem medo dos bárbaros? Na tentativa de povoar o sertão, os portugueses meteram-se numa longa guerra contra um temível inimigo: os índios tapuias Soraya Geronazzo Se existe uma guerra justa, há de ser aquela travada contra o próprio demônio. E era uma guerra assim que os portugueses acreditavam estar lutando nos sertões brasileiros. O demônio, no caso, eram os índios tapuias. Divididos em várias etnias, espalhados pelo Nordeste da Colônia, numa enorme faixa de terra que ia da Bahia ao Ceará, eles ganharam a fama de bárbaros já no momento em que foram assim batizados. “Tapuias”, para os tupis, eram todos os não tupis. Diferiam destes não só pela língua, mas por habitarem o sertão, o interior. Como os colonizadores se instalaram primeiro no litoral, foi com os tupis que se comunicaram e se misturaram antes. Por mais que também se dividissem em vários povos, alguns deles agressivos, os tupis eram os índios “conhecidos”. Já os tapuias eram “os outros”. E quando chegou a

A preguiça é paulista

RHBN 01/07/2009 A preguiça é paulista Novo governador se surpreende com a miséria e a depravação da capitania de São Paulo. Os habitantes não queriam saber de trabalho Lílian Lisboa Miranda A capitania estava “morta”. Esta foi a dura constatação de D. Luís Antônio de Sousa Botelho Mourão (1722-1798) ao aportar em São Paulo. Recém-nomeado governador, ele encontrou uma terra arrasada, sem produção, cujo povo andava metido pelas matas, “sem lei e sem fé”, como “feras”. Culpa da preguiça quase doentia que acometia todos os habitantes. Aquela gente parecia inconciliável com o trabalho. Havia tempo que o território paulista passava por franca decadência econômica e política. As principais riquezas vinham das Minas Gerais, e seu caminho natural de escoamento era o litoral carioca. São Paulo chegou a perder seu status de capitania, incorporado aos domínios administrativos do Rio de Janeiro. Mas a crise que se abateu sobre Portugal em meados do século XVIII, com o declínio das remessas de ouro

A formação da monarquia inglesa

Nos primórdios da Idade Média, a região da Bretanha foi invadida pelas tribos dos anglos e saxões. No século XI, por volta de 1060 os normandos do norte da França invadiram as ilhas britânicas sob a liderança do rei Guilherme, o Conquistador. Na batalha de Hastings, ocorrida em 14 de outubro de 1066, chegou ao fim a hegemonia dos anglo-saxões na região. No entanto, o longo período de hegemonia bárbara favoreceu a consolidação dos poderes locais consolidados sob a lógica feudal. A Inglaterra teve seu processo de centralização política iniciado a partir da Baixa Idade Média, momento em que a Bretanha estava politicamente dividida em quatro reinos distintos. Sob o comando do rei Henrique II, o processo de unificação territorial foi iniciado com relativa eficácia durante o século XII. No governo seguinte, comandado pelo rei Ricardo Coração de Leão, diversas lutas contra os franceses e o envolvimento nas Cruzadas enfraqueceram o papel da autoridade monárquica. A falta de um rei presente e o

A formação da monarquia francesa

Ao longo da Idade Média, o território francês sofreu com o processo de desfragmentação política motivado pelo surgimento do feudalismo. Somente no século XII, ainda durante a dinastia capetíngia, o processo de centralização política francês foi iniciado pelo rei Filipe II. Usando dos conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional. A formação desse imponente exército e a vitória contra os ingleses permitiu a ampliação do poder político real. A partir de então, o rei francês criou um articulado corpo de funcionários públicos que deveriam impor a autoridade real em oposição aos senhores feudais. Paralelamente, a burguesia passou a ceder grandes quantias para que o rei garantisse a liberdade das cidades através de uma carta de franquia, documento concedido pelo próprio monarca que liberava os centros urbanos das taxações feudais. Durante o governo do rei Luís

A formação da monarquia espanhola

A Península Ibérica, durante o século VIII, teve grande parte de seus territórios dominados pelos árabes que, inspirados pela jihad muçulmana, empreenderam a conquista de diversas localidades do Oriente e do Ocidente. Na porção centro-sul, os árabes consolidaram a formação do Califado de Córdoba, enquanto a região norte ficou sob controle dos reinos cristãos de Leão, Castela, Navarra, Aragão e o Condado de Barcelona. Por volta do século XI, esses reinos católicos resolveram formar exércitos que – inspirados pelo movimento cruzadista – teriam a missão de expulsar os “infiéis” muçulmanos daquela região. A partir de então, a chamada Guerra de Reconquista se alongou até o século XV. Com o desenvolvimento desses conflitos, os diferentes reinos participantes do combate conseguiram reduzir a presença dos muçulmanos e conquistar novas terras que enriqueceram tais governos. Durante essas guerras, os reinos ibéricos conseguiram a participação do francês Henrique de Borgonha, nobre que participou

A formação da monarquia portuguesa

A instalação das monarquias espanhola e portuguesa é usualmente compreendida a partir das guerras que tentaram expulsar os muçulmanos da Península Ibérica. Desde o século VIII os árabes haviam dominado boa parte do território ibérico em função da expansão muçulmana ocorrida no final da Alta Idade Média. A partir do século XI, no contexto das Cruzadas, os reinos cristãos que dominavam a região norte formaram exércitos com o objetivo de reconquistar as terras dos chamados “infiéis”. Os reinos de Leão, Castela, Navarra e Aragão juntaram forças para uma longa guerra que chegou ao fim somente no século XV. Nesse processo, os reinos participantes desta guerra buscaram o auxílio do nobre francês Henrique de Borgonha que, em troca, recebeu terras do chamado condado Portucalense e casou-se com Dona Teresa, filha ilegítima do rei de Leão. Após a morte de Henrique de Borgonha, seu filho, Afonso Henriques, lutou pela autonomia política do condado. A partir desse momento, a primeira dinastia monárq

Templários: entre a cruz e a coroa

Revista História Viva edição 59 - Agosto 2008 Templários: entre a cruz e a coroa A popularidade do mito criado em torno da Ordem esconde o papel original que os cavaleiros desempenharam no embate entre o papado e as monarquias nacionais no século XIV por Marcelo Cândido da Silva Templários são presos no século XIV por ordem do rei Felipe, o Belo A Idade Média é um tema profundamente atual. O período é hoje tema de filmes, espetáculos, romances, festas medievais, lojas e restaurantes, sites da internet, jogos como RPG etc. Mesmo de um ponto de vista acadêmico, algumas obras recentes mostram uma verdadeira obsessão pelas origens medievais da Europa e da própria União Européia. A Ordem dos Templários constitui um dos temas que melhor ilustram o fascínio exercido pela Idade Media nos dias de hoje. Uma rápida consulta em qualquer sítio de busca na internet mostra a atualidade do interesse pela Ordem dos Templários. Muito se tem escrito sobre o caráter místico da Ordem, seu papel como guar

O pioneirismo português

Revista História Viva edição 71 - Setembro 2009 Lisboa, antigo viveiro de ambições No século XV, a capital portuguesa e seu porto atraíam exploradores e produtos exóticos de muitas partes do mundo. Mais parecia uma torre de Babel, ainda que jamais tenha perdido o ar provinciano. As marcas desse passado estão à disposição do visitante por Anne Le Cam Um irônico embaixador da França em Lisboa, no século XVI, usou uma metáfora para defi nir a cidade: “Sua Majestade mora em cima de sua quitanda”. De fato, o Paço da Ribeira, palácio real hoje desaparecido, dava diretamente nos cais do estuário do rio Tejo, um porto natural no qual se alinhavam até 3 mil navios vindos da África e da Ásia. Veneza, nas franjas do Oriente bizantino, mantivera até o século XV o monopólio do comércio terrestre com a Ásia. De lá as riquezas seguiam em navios rumo a Flandres ou à Inglaterra, com escala em Lisboa. Por isso, a cidade estava familiarizada com os carregamentos exóticos: no pátio do Paço da Ribeira, a

Higiene na Idade Média

Não havia higiene na Idade Média? Os homens cheiravam mal e não trocavam de roupa, e os camponeses viviam com animais. Não existiam banhos, mesmo porque lavar-se não era coisa bem vista. Certo? Errado! por Olivier Tosseri Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referências no cinema e em livros que os tempos medievais foram um zero à esquerda em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedades carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos. Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeus Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a inf

Escolástica

Historicamente, a escolástica pode dividir-se em três períodos: Escolástica primitiva (sécs. IX ao XII); Escolástica média (sécs. XII e XIII) e Escolástica tardia (sécs. XIV e XV). Escolástica primitiva - inícia-se com o renascimento carolíngio e com o ressurgimento da escola que então se verifica. Aí se desenvolve um método de ensino que posteriormente será elaborado nos seus mínimos detalhes, constituído pelas quaestiones (problemas sujeitos a exame) e disputationes (exposição de argumentos a favor ou contra). As grandes disputas centram-se então em torno de dois problemas fundamentais: o problema da relação entre a fé e a razão (entre entre dialécticos, partidários da razão, e anti-dialécticos, defensores da fé) e a polémica dos universais. Escolástica média - surgem diversos tipos de escolas (inclusivé as primeira universidades) e inicia-se um intenso trabalho de tradução (principalmente na Península Ibérica) que vai possibilitar o conhecimento dos clássicos gregos e latinos, concr

Cruzadas : os dois lados

Os 2 lados das Cruzadas Há quase mil anos, o Ocidente trombou com o Oriente. O mundo cristão invadiu o mundo muçulmano e deu origem a 200 anos de guerra. Só dá para entender essa história se conhecermos os dois lados dela por Rodrigo Cavalcante Cruzada. No mundo pós-11 de setembro, a simples menção dessa palavra causa polêmica. Após o ataque às torres gêmeas, o presidente George W. Bush teve de pedir desculpas por usar o termo “cruzada” para nomear sua guerra contra o terrorismo. Osama bin Laden aproveitou a gafe. Em seu pronunciamento, o terrorista classificou a guerra no Afeganistão de “cruzada religiosa contra os muçulmanos”. A palavra ressuscitava dos livros de história. Só faltava Hollywood se interessar pelo assunto. Não deu outra. O enredo do filme Cruzadas, de Ridley Scott, que está chegando aos cinemas, gira em torno de um ferreiro que se torna cruzado. Em tempos de Guerra no Iraque, nada mais natural que um filme com tema tão espinhoso despertasse protestos antes mesmo do lan

História do papai noel

São Nicolau tem história de devoção e religiosidade. Figura do Papai Noel com roupas vermelhas se popularizou no século XX. O Papai Noel como conhecemos, de roupa vermelha, sacola nas costas e barba branca, é, na verdade, uma modificação moderna da figura do 'bom velhinho' original. Inspirador do Papai Noel, São Nicolau (Saint Nicholas, em inglês) era um homem simples, dedicado à religião, que nasceu em 280, na cidade de Patara, na Ásia menor (hoje Turquia). Mitos e verdades se misturam na história desse bispo que se tornou santo. Quando seus pais morreram, ele distribuiu a herança entre os pobres, o que o tornou conhecido na região. Também ficou famoso por ter ajudado a família de um nobre que entrou em falência. Seus credores queriam, além de todos seus bens, a mão das três filhas em casamento. Sabendo que elas sofreriam agressões e escravidão, o nobre entrou em desespero, pois não tinha dinheiro para o dote que faria suas filhas se casarem mais cedo. Conhecendo o dilema do n

A formação das monarquias centralizadas

A formação das monarquias centralizadas Origem: Comerciantes = Estado que se impusesse ao poder local + Rei = reforço de sua autoridade para subordinar nobreza e Igreja Espanha ► Reconquista cristã ( séc. XI) = Leão, Navarra, Castela e Aragão ► 1479 = Castela + Aragão = reis católicos = início da centralização ► 1492 = conquista de Granada e expulsão dos árabes ( mouros) ► judeus banidos(1492) + perseguições aos marranos (judeus mal convertidos) e mouriscos(muçulmanos mal convertidos) = “limpieza de sangre” = enfraquecimento na transição para o capitalismo. Portugal ► Origem – Afonso VI rei de Leão doou terras a Henrique de Borgonha (condado Portucalense) + casamento com Dona Teresa. ► D. Afonso Henriques = Condado Portucalense = dinastia Borgonha = reconquista cristã com doação de terras aos nobres/sem hereditariedade = hegemonia real ► Desenvolvimento e crescimento mercantil = escala da rota marítima norte /sul ► 1383 – 1385 disputa pelo trono = Revolução de Avis = dinastia de Avis(