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Mostrando postagens de julho, 2019

“O bolsonarismo é o neofascismo adaptado ao Brasil do século 21”

Para estudioso português de governos autoritários, bolsonarismo soma “nostalgia da ditadura, discurso sobre a corrupção” e “ligação ao mundo evangélico” (29 de julho de 2019 Ricardo Viel) Manuel Loff tinha 9 anos quando um grupo de capitães e soldados portugueses, cansados de serem mandados à África para uma guerra sanguinária contra os movimentos de libertação das colônias, derrubou uma ditadura que já durava 41 anos – a mais longeva da Europa. A lembrança mais viva que tem daquele dia 25 de abril de 1974, quando a Revolução dos Cravos colocou fim ao regime salazarista (fundado por António de Oliveira Salazar), é do irmão, que tinha 14 anos, bêbado, a gritar: “Já não vou para a guerra!”. Há pouco tempo uma amiga de infância fez Loff recordar que com 10 anos ele escreveu e dirigiu uma peça de teatro para ser encenada pelos colegas da escola. O tema era os últimos dias de Hitler no bunker. “A mim próprio me surpreende, não sei como cheguei até lá com essa idade”, confessa. Quando er

A era dos eleitores cínicos

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Em meio à crise civilizatória, risco de descer mais um degrau. Abandonadas pela democracia, maiorias seguem exemplo dos políticos: renunciam ao futuro e votam segundo interesses cada vez mais mesquinhos e oportunistas OUTRASPALAVRAS (CRISE CIVILIZATÓRIA) (por Slawomir Sierakowski) (Imagem: Yue Minjun, Arca de Noé, (2006)) Muitos dos que votaram em Donald Trump para presidente dos EUA sabiam que ele é um mentiroso contumaz, assim como a base do Partido Conservador no Reino Unido sabe que Boris Johnson, provável futuro primeiro-ministro, subiu trapaceando e mentindo. Na Polônia, não é segredo que o partido do governo, Lei e Justiça (PiS), está inchando as instituições de governo com seus lacaios, deformando a mídia pública, recompensando comparsas e minando a independência dos tribunais. No entanto, o PiS goleou os partidos de oposição da Polônia nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio. O fato de poloneses, britânicos e norte-americanos abrirem as portas para governos mora

As dores de vidas e palavras sequestradas

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Mahommah Baquaqua foi primeiro negro a escrever sobre a escravidão brasileira. Seu relato, feito nos Estados Unidos, fala de miséria, humilhações, alcoolismo, tentativas de suicídio e — em especial — a eterna fuga para uma vida livre (Imagem da edição do livro de Mahommah G. Baquaqua. Foto: Bruno Veras (Public domain) ) ( Por Alexandre Andrada, no Intercept) As elites brasileiras parecem ter um hábito secular de pôr uma pedra sobre o nosso passado. Apesar de sermos o país com a maior população negra fora da África, quase não há museus sobre o tema e mal estudamos o assunto nas escolas. O desconhecimento do brasileiro médio em relação aos horrores e às consequências da escravidão é enorme. O esquecimento não é um acaso, é um projeto. O Brasil é o país mais importante na história da diáspora africana. Foram mais de 4 milhões de escravizados que desembarcaram em nossos portos, principalmente nos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, entre 1530 e 1850. Na primeira metade do século