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Mostrando postagens de 2019

O discurso de Bolsonaro na ONU, 24 de Setembro de 2019

LEIA E TIRE AS SUAS CONCLUSÕES: Senhor Presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, Senhor Secretário-Geral da ONU, António Guterres, Chefes de Estado, de Governo e de Delegação, Senhoras e Senhores, Apresento aos senhores um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira do socialismo. Um Brasil que está sendo reconstruído a partir dos anseios e dos ideais de seu povo. No meu governo, o Brasil vem trabalhando para reconquistar a confiança do mundo, diminuindo o desemprego, a violência e o risco para os negócios, por meio da desburocratização, da desregulamentação e, em especial, pelo exemplo. Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições. Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissio

O triste fim de Jair Messias Bolsonaro

Por JOSÉ EDUARDO AGUALUSA* Jair acordou a meio da noite. Mandara colocar uma cama dentro do closet e era ali que dormia. Durante o dia tirava a cama, instalava uma secretária e recebia os filhos, os ministros e os assessores militares mais próximos. Alguns estranhavam. Entravam tensos e desconfiados no armário, esforçando-se para que os seus gestos não traíssem nenhum nervosismo. Interrogado a respeito pela Folha de São Paulo, o deputado Major Olimpio, que chegou a ser muito próximo de Jair, tentou brincar: "Não estou sabendo, mas não vou entrar em armário nenhum. Isso não é hétero." Michelle, que também se recusava a entrar no armário, fosse de dia ou de noite, optou por dormir num outro quarto do Palácio da Alvorada. Aliás, o edifício já não se chamava mais Palácio da Alvorada. Jair oficializara a mudança de nome: "Alvorada é coisa de comunista!" — Esbravejara: "Certamente foi ideia desse Niemeyer, um esquerdopata sem vergonha." O edifício passara e

Petróleo, guerra e corrupção: entender Curitiba

No mundo mafioso dos combustíveis fósseis, uma hipótese: as corporações que subornavam executivos da Petrobras notificaram Washington. E os EUA acionaram juízes e procuradores “aliados”, quando o pré-sal atiçou sua cobiça ( por José Luís Fiori e William Nozaki ) Os norte-americanos costumam festejar as duas grandes gerações que marcaram sua história de forma definitiva: a geração dos seus founding fathers, responsável pela criação do seu sistema político, na segunda metade do século XVIII; e a geração dos seus robber barons, responsável pela criação do seu capitalismo monopolista, na segunda metade do século XIX. Dentro da geração dos “barões ladrões”, destaca-se a figura maior de John D. Rockefeller, que ficou associada de forma definitiva ao petróleo e à criação da Standard Oil Company, a primeira das “Sete Irmãs” que controlaram o mercado mundial do petróleo até o final da II Guerra Mundial, e ainda ocupam lugar de destaque entre as 15 maiores empresas capitalistas do mundo. A St

Ditadura e Volkswagen promoveram 'o maior incêndio da história' nos anos 1970

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Montadora ganhou terras e isenção de impostos para desmatar a Amazônia, promoveu as primeiras queimadas detectadas por satélite e também fez uso de trabalho escravo; desastres deram início aos debates sobre o aquecimento global JOANA MONTELEONE E HAROLDO CERAVOLO SEREZA São Paulo (Brasil) 21 de ago de 2019 Foi um mês de dezembro bastante quente no Brasil em 1975. Um satélite, ainda muito rudimentar da Nasa, a Agência Espacial Norte-Americana, havia detectado um incêndio de grandes proporções na área sudeste da Amazônia, uma área especialmente sensível para a ditadura militar brasileira. A mata estava queimando na Fazenda de gado da Volkswagen, a Fazenda do Vale Cristalino, também chamada de Companhia Vale do Rio Cristalino. O assunto era sensível e vinha sendo tratado com cautela pelos militares desde que a empresa alemã havia adquirido, com os empréstimos e benesses da Ditadura, uma área imensa no Araguaia, para montar uma gigantesca fazenda de gado. Seria uma fazenda modelo, segun

Como a política agiu para desmantelar o movimento hippie

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( Cesar Gaglioni 17 Ago 2019) (atualizado 19/Ago 17h08) Ex-presidente Richard Nixon se aliou a jovens conservadores para se opor à cultura pacifista que pregava o fim da Guerra do Vietnã e teve apogeu no Festival de Woodstock (MOVIMENTO SURGIU NOS ANOS 60, COM PEDIDOS DE "PAZ E AMOR" E UM PENSAMENTO ULTRA-LIBERAL) No dia 21 de agosto de 1969, tropas americanas e australianas uniram forças na Operação Camdem. A missão era invadir a área secreta de Hat Dich, no sul do Vietnã, base do 247º regimento vietcongue. A ação militar resultou em 14 mortos e 61 feridos, contabilizando os dois lados. Três dias antes, em 18 de agosto de 1969, as notas de “Star Spangled Banner” para um público de cerca de 200 mil pessoas, que ouviram Jimi Hendrix tocar o hino nacional americano em sua guitarra elétrica. Era o último dia do festival de Woodstock, que completa 50 anos em 2019. Anunciado como “três dias de paz e música”, o evento foi a apoteose do movimento hippie, fenômeno contracul

“O bolsonarismo é o neofascismo adaptado ao Brasil do século 21”

Para estudioso português de governos autoritários, bolsonarismo soma “nostalgia da ditadura, discurso sobre a corrupção” e “ligação ao mundo evangélico” (29 de julho de 2019 Ricardo Viel) Manuel Loff tinha 9 anos quando um grupo de capitães e soldados portugueses, cansados de serem mandados à África para uma guerra sanguinária contra os movimentos de libertação das colônias, derrubou uma ditadura que já durava 41 anos – a mais longeva da Europa. A lembrança mais viva que tem daquele dia 25 de abril de 1974, quando a Revolução dos Cravos colocou fim ao regime salazarista (fundado por António de Oliveira Salazar), é do irmão, que tinha 14 anos, bêbado, a gritar: “Já não vou para a guerra!”. Há pouco tempo uma amiga de infância fez Loff recordar que com 10 anos ele escreveu e dirigiu uma peça de teatro para ser encenada pelos colegas da escola. O tema era os últimos dias de Hitler no bunker. “A mim próprio me surpreende, não sei como cheguei até lá com essa idade”, confessa. Quando er

A era dos eleitores cínicos

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Em meio à crise civilizatória, risco de descer mais um degrau. Abandonadas pela democracia, maiorias seguem exemplo dos políticos: renunciam ao futuro e votam segundo interesses cada vez mais mesquinhos e oportunistas OUTRASPALAVRAS (CRISE CIVILIZATÓRIA) (por Slawomir Sierakowski) (Imagem: Yue Minjun, Arca de Noé, (2006)) Muitos dos que votaram em Donald Trump para presidente dos EUA sabiam que ele é um mentiroso contumaz, assim como a base do Partido Conservador no Reino Unido sabe que Boris Johnson, provável futuro primeiro-ministro, subiu trapaceando e mentindo. Na Polônia, não é segredo que o partido do governo, Lei e Justiça (PiS), está inchando as instituições de governo com seus lacaios, deformando a mídia pública, recompensando comparsas e minando a independência dos tribunais. No entanto, o PiS goleou os partidos de oposição da Polônia nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio. O fato de poloneses, britânicos e norte-americanos abrirem as portas para governos mora

As dores de vidas e palavras sequestradas

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Mahommah Baquaqua foi primeiro negro a escrever sobre a escravidão brasileira. Seu relato, feito nos Estados Unidos, fala de miséria, humilhações, alcoolismo, tentativas de suicídio e — em especial — a eterna fuga para uma vida livre (Imagem da edição do livro de Mahommah G. Baquaqua. Foto: Bruno Veras (Public domain) ) ( Por Alexandre Andrada, no Intercept) As elites brasileiras parecem ter um hábito secular de pôr uma pedra sobre o nosso passado. Apesar de sermos o país com a maior população negra fora da África, quase não há museus sobre o tema e mal estudamos o assunto nas escolas. O desconhecimento do brasileiro médio em relação aos horrores e às consequências da escravidão é enorme. O esquecimento não é um acaso, é um projeto. O Brasil é o país mais importante na história da diáspora africana. Foram mais de 4 milhões de escravizados que desembarcaram em nossos portos, principalmente nos do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, entre 1530 e 1850. Na primeira metade do século