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Mostrando postagens de novembro, 2017

RESOLUÇÃO

Os dias da Comuna (*) Bertold Brecht 1. Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram Suas leis para nos escravizarem. As leis não mais serão respeitadas Considerando que não queremos mais ser escravos. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e com canhões Nós decidimos: de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. 2. Consideramos que ficaremos famintos Se suportarmos que continuem nos roubando Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças Que nos separam deste bom pão que nos falta. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e canhões Nós decidimos, de agora em diante Temeremos mais a miséria que a morte. 3. Considerando que existem grandes mansões Enquanto os senhores nos deixam sem teto Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar. Considerando que os senhores nos ameaçam Com fuzis e canhões Nós decidimos, de agora em diante Temeremos mais a miséria do que a morte. 4. Considerando

A escola dos Annales

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(November 20, 2017 Por: Leonardo Eugênio da Silva) Na primeira metade do século XX em Estrasburgo, na França, Marc Bloch e Lucien Febvre fundaram a revista Annales d'histoire économique et sociale. A fundação desta, em 1929, inaugurou uma nova corrente historiográfica, constituindo um passo de grande importância para toda historiografia do século XX, inclusive, relevante até os dias atuais. Bloch e Febvre colocavam-se em oposição direta a Escola Metódica, tradição historiográfica vigente em sua época, dita "positivista", que cultivava uma obsessão por fontes escritas (oficiais) e acreditava poder chegar a uma verdade histórica por meio da crítica minuciosa desses documentos. Os Annalestrouxeram uma nova perspectiva historiográfica, a história-problema, substituindo a tradição anterior da narrativa de acontecimentos, que se contentava apenas com o âmbito político dos eventos. As inovações trazidas já no primeiro momento pela a escola dos Annales, foi de grande imp

História das “telhas feitas nas coxas” revela ignorância nacional sobre arquitetura

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Para fazer uma dessas telhas que comumente ouvimos dizer ter sido feita nas coxas dos escravos, o trabalhador deveria ter, pelo menos, 3,50 metros de altura (por Key Imaguire Junior16/11/2017) (Foto: Mark Heard/ VisualHunt) Telhas nas coxas Talvez a arquitetura seja, além de uma uma das mais importantes, uma das mais desconhecidas áreas da nossa cultura. Depois de esclarecer em aulas, textos, e até ter feito viagem para evitar a propagação de uma bobagem recorrente, volta e meia temos conhecimento de que persiste a desinformação e o que é pior, por parte de pessoas que não poderiam ser o “mosquito transmissor” de tal tolice. A mais recente foi uma professora, levando — o que é muito louvável – seus alunos para visitar a Casa Romário Martins, mas semeando seu desconhecimento nas jovens cabecinhas. À entrada, afirmou que o beiral era uma beira-seveira — quando se trata de uma cimalha. Mas dá para relevar, afinal os dois termos são incomuns e fáceis de confundir. Mas o que não dá para

Proclamação da República: por que, 128 anos depois, historiadores concordam que monarquia sofreu um ‘golpe’

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(Vinícius Mendes - 15 novembro 2017) (O quadro 'Proclamação da República', de Benedito Calixto; movimento que questiona rompimento com a monarquia ganhou força com as redes sociais | Imagem: Centro Cultural São Paulo) Meses após o Marechal Deodoro da Fonseca enganar a própria mulher, burlar as recomendações médicas e levantar da cama - onde havia passado a madrugada daquele 15 de novembro febril - para proclamar a República brasileira, o país já conhecia a primeira crítica articulada sobre o processo que havia removido a monarquia do poder em 1889. Escrito pelo advogado paulistano Eduardo Prado, o livro Os Fastos da Ditadura Militar no Brasil, de 1890, argumentava que a Proclamação da República no Brasil tinha sido uma cópia do modelo dos Estados Unidos aplicada a um contexto social e a um povo com características distintas. A monarquia, segundo ele, ainda era o modelo mais adequado para a sociedade que se tinha no país. Prado também foi o primeiro autor a considerar a Pro

Uberização do trabalho: subsunção real da viração

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O Uber torna evidente a tendência de transformação do trabalhador em microempreendedor e em trabalhador amador produtivo. (Publicado em 22/02/2017) (Por Ludmila Costhek Abílio. * Artigo publicado originalmente no site PassaPalavra) 1. Entre salões e apps Em outubro de 2016, o governo de Michel Temer sancionou uma lei que passou desapercebida nos embates sobre as terceirizações. A lei “Salão parceiro – profissional parceiro” desobriga proprietários de salões de beleza a reconhecerem o vínculo empregatício de manicures, depiladora(e)s, cabelereira(o)s, barbeiros, maquiadora(e)s e esteticistas. O estabelecimento torna-se responsável por prover a infraestrutura necessária – os demais trabalhadores seguem sendo reconhecidos como funcionários – para que suas “parceiras” e “parceiros”, agora legalmente autônomos, realizem seu trabalho. Assim, aquela manicure que trabalha oito horas por dia ou mais, seis vezes por semana, para o mesmo salão, poderá ser uma prestadora de serviços. Talvez por