Hoje, 26.01, comemora-se o aniversário de Santos - 469 anos, ERRADO, SÓ QUE NÃO (OU A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA)

A cena é uma constante, há anos, décadas, em rodas de nativos conversando nas praias santistas. Alguém solta um "Nossa, a praia hoje tá cheia de paulistas", para imediatamente alguém sacar a correção: "Paulista a gente também é, seu burro! Você quer dizer paulistanos". Será burro mesmo? Ao contrário do que os corretores pensam, quem diz "paulista" para designar os forasteiros não está assim tão louco ou errado. Afinal, quando o núcleo urbano de São Paulo foi fundado, ele era apenas mais uma vila da Capitania de São Vicente. Todo mundo nesta parte da Colônia era vicentino. Quem nascia na vila de São Paulo era paulista. E vicentino. Como a vila do planalto de Piratininga colonizava por conta própria, com seus índios, os sertões às margens dos rios Paraíba e Tietê, os habitantes de toda essa enorme região costumavam ser também considerados "paulistas". Mas o litoral, mais antigo, povoado e 'europeu', não se incluía nisso não. Entre 1681 e 1765, houve o movimento de transferência da capital da vila de São Vicente para a vila (cidade desde 1711) de São Paulo. Mas, antes da consolidação de Sampa como capital, a descoberta do ouro nos sertões fez com que a partir de 1709 - entre outras coisas - a capitania de São Vicente passasse a se chamar 'de São Paulo'. É difícil dizer o que mudou com o novo nome de Capitania de São Paulo. A diferenciação entre os habitantes da cidade e da capitania deve ter demorado a ser criada. O termo paulistano possivelmente não é do século 18. A fundação do jornal diário Correio Paulistano em 1854 indica que o termo já existia em meados do século 19. O litoral, o velho litoral vicentino, porém, continuou a viver sua vida de barcos, comércio e finanças. E chamando o povo de serra-acima de "paulistas", como nos velhos tempos. Em pleno século 21, ainda são os paulistas. E isso ainda quer dizer muita coisa. Há mais de 450 anos. De burro não tem nada. História... (texto de Arnaldo Ferreira Marques, publicado no facebook em 26/01/2015)

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