A luta de Niéde Guidon para preservar o maior tesouro arqueológico brasileiro
(Por Defender | 30 de outubro de 2017) Depois de uma vida turbulenta à frente do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, a arqueóloga cogita abandonar seu projeto de vida. E isso lhe dói demais, porque ela não preparou um sucessor. (Pé na estrada. Sem herdeiros, Niéde pensa, com cada vez mais frequência, em ir morar num retiro para idosos nos arredores de Paris.) Na porta do inferno d’A Divina Comédia, de Dante Alighieri, está o aviso tenebroso: Lasciate ogni speranza, voi che entrate, que em português quer dizer “Deixai toda a esperança, vós que entrais”. Em um lugar quase tão quente, a cidade de São Raimundo Nonato, a 521 quilômetros ao sul de Teresina, Piauí, a mesma frase em italiano, esculpida no portão de madeira, dá as boas-vindas a quem chega à casa da arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon. Segundo ela, a escolha dos dizeres, ali pintados com tinta vermelha, se deu por afinidade literária, apenas. Mas quem conhece Niéde, braba que só, sabe bem: pode ser também um reca...