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Mostrando postagens de agosto, 2015

Moralismo capenga

O combate à corrupção foi palavra de ordem durante a ditadura. Nos porões do regime, porém, a ilegalidade prevaleceu. Combater a corrupção e derrotar o comunismo: esses eram os principais objetivos que fermentavam os discursos nos quartéis, às vésperas do golpe que derrubou o governo João Goulart, em março de 1964. A noção de corrupção dos militares sempre esteve identificada com uma desonestidade específica: o mau trato do dinheiro público. Reduzia-se a furto. Na perspectiva da caserna, corrupção era resultado dos vícios produzidos por uma vida política de baixa qualidade moral e vinha associada, às vésperas do golpe, ao comportamento viciado dos políticos diretamente vinculados ao regime nacional-desenvolvimentista. Animado por essa lógica, tão logo iniciou seu governo, o marechal Castello Branco (1964-1967) prometeu dar ampla divulgação às provas de corrupção do regime anterior por meio de um livro branco da corrupção – promessa nunca cumprida, certamente porque seria preciso admit

A Independência delas: na Bahia, a luta pela emancipação do Brasil mudou a vida de muitas mulheres, dentro e fora do campo de batalha

Desesperada com a reviravolta que acometera sua vida, Ana Joaquina do Livramento apresentou um requerimento a D. Pedro I quando o imperador visitou a Bahia em 1826. Natural de Salvador, casada com Elias Pinto de Siqueira, ela pedia uma esmola, alegando que vivia “pobremente e em grande necessidade pela falta de seu esposo”. Desde “a guerra dos lusitanos, nunca mais tive notícias dele”. Aproveitou para lamentar “a falta de dois escravos que pereceram na guerra; e o grande roubo que os ditos lusitanos se fizeram quando a suplicante se retirou para o Recôncavo”. Não sabemos se o requerimento de Ana Joaquina foi atendido, nem o que aconteceu com seu marido, mas uma coisa é certa: assim como ela, milhares de baianas tiveram a vida abalada pela guerra da Independência. E não somente como vítimas de uma luta travada entre homens. Muitas mulheres participaram ativamente da batalha patriótica, buscando melhorar sua sorte e chegando a pegar em armas. Dos primeiros conflitos armados entre b